Poemas -> Sociais : 

Lira da Vida II - "Vida que despedaça"

 
Open in new window











Na mordaça
(silêncio desses tempos, que tempos, que raça)

Cala o pobre na favela,
(como o negro na senzala)

Grita e marcha a gente que vive no asfalto
(como os senhores da casa grande, agora prédios, basalto)

Mas para que serve a vidraça
(daqueles tempos de janela, de seresta e graça)

Blindagem, escudo, à prova de qual desgraça
(clamam por justiça e rangem os dentes da indiferença)

Como pode um povo esquecido
(ainda que cantado em berço esplêndido, porém nunca dantes adormecido)

Ser espoliado, de sua condição de existência
(porquê tamanha determinação? Nesta presença constante da ausência!)

Toda vida que despedaça,
Seja nos goles de cachaça,
Ou na fome que destrói e ameaça,
Na AIDS que na África dizima a raça,
Na violência que oprime, mata e gera desgraça
Na ausência, da desigualdade e do abandono, desesperança



AjAraújo, o poeta humanista, escrito no Inverno, 7/2002
 
Autor
AjAraujo
Autor
 
Texto
Data
Leituras
719
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.