Ave Maria, tão pura,
Virgem nunca maculada
Ouvi a prece tirada
No meu peito da amargura!
Vós que sois cheia de graça,
Escutai minha oração,
Conduzi-me pela mão
Por esta vida que passa!
O Senhor, que é vosso filho,
Que seja sempre connosco,
Assim como é convosco
Eternamente o seu brilho.
Bendita sois vós, Maria,
Entre as mulheres da terra;
E vossa alma só encerra
Doce imagem de alegria!
Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa Mãe
É o fruto que provém
Do vosso ventre, Jesus!
Gloriosa Santa Maria,
Vós que sois a Mãe de Deus
E que morais lá nos céus
Velai por mim cada dia!
Rogai por nós, pecadores,
Ao vosso filho, Jesus,
Que por nós morreu na cruz
E que sofreu tantas dores!
Orai agora, oh Mãe querida,
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida!
Avé Maria, tão pura,
Virgem nunca maculada,
Ouvide a prece tirada
No meu peito da amargura.
Fernando António Nogueira Pessoa
(✩ 03/06/1888 — † 30/11/1935)
Autores Clássicos no Luso-Poemas
2ª versão dum poema que Fernando Pessoa dedicou à sua mãe, com data de 7-4-1902 (presumivelmente esta data será fictícia)