Páginas...
Como folhas se desprendem
Dos cadernos desbotados pelos anos
Das árvores em reverência ao outono
Ritos...
Como preces ao Deus se remetem
Nos oratórios, mesquitas, sinagogas, templos
Na meditação em direção ao Nirvana
Páginas...
que são abertas, livros que se fecham
Como ao suave toque na sensitiva dormideira
Na história da vida e de seus ciclos.
Ritos...
que te conduzem aos portais que se abrem
Como ao toque do mestre na iniciação
Na busca da fé através da oração.
Páginas, ritos, a que te levam?
Descobertas, rituais,
Intelectuais, espirituais
Nas páginas desfolhadas, quase soltas
Revejo imagens,
contos, retratos,
pequenas lembranças
Nos ritos consagrados pelo tempo
Contemplo o silêncio
e reverencio
esta força divina
Nas caminhadas, ficam os rastros,
marcos de passagens,
registradas nas páginas de vida
Nas orações,
te espreitam no horizonte, astros
Finitos em sua infinitude cósmica,
No breve folhear, ao acaso,
Retorna um pensamento
transformado em citação
De uma época de viagem
ao sertão nordestino
Que sintetiza a analogia que ora faço:
Sedes como a folha do sisal.
Que ao tempo desafia e aborda,
Resistente, se ergue na aridez do sertão,
Flexível, se torna papiro, papel, corda,
Sensível, se permite gravar tuas emoções,
Teu coração persiste, brota,
Se tu tens sede verte água, e te dá um sinal.
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em maio de 2003.