Qual foi o sucesso
Da dobragem do cabo que comando?
Cheguei de táxi a buzinar
Com pressa de chegar à
Escada rolante
Com a câmara de filmar.
Soprei nas lojas,
Chupei os cones de gelado
Tão bem assinalados,
Cantei tempestuosamente
O que o meu cartão me deixou.
E tudo o meu vento levou,
Dou tudo o que sou
Menos a minha câmara de filmar.
Ouvi a lenda das Amoreiras,
Sobre uma fita muito boa
Que ficou a rodar.
Vim tentar a minha sorte,
Que pode acontecer alguma coisa
Só por cá andar...
Sou o Adamastor, sou Portugal,
Faço tempestades, posso filmar,
Colarinhos e pérolas comprar.
Sou da era do analógico,
Tempos que pretendo replicar.
Não tentem minhas palavras
Dissecar,
Que más intenções
Vão sempre encontrar.
Afinal, eu sou Portugal.
Sou tempestade que vai e vem,
Construída de dívidas
E peixeiras sucateiras.
Sou apenas um monstro
À procura de meninas
Nas torres de Lisboa,
Das mais insuspeitas
E finas.
O Adamastor sabe o que faz...
Rouba, mas faz.
Mas com a idade que já me pesa,
Só já marco um ou outro
Dia chuvoso.
Em dias de compras
Nas Amoreiras
Faz sempre um sol radioso.