Ainda que as tuas mãos nuas
não passeiem plumas no meu corpo
em febres e luas de leveduras,
ainda que não sejam os teus braços
galhos de árvores, erectos,
a rasgar-me da boca ao ventre,
na noite escura,
em desenhos ousados de loucura,
ainda que não sejam os teus olhos,
archotes incendiários,
a abalizar-me trilhos e atalhos,
tais faróis imaginários,
não seja a tua voz
a marginar-me nenúfar,
no rio comprimido do silêncio,
ainda que, o nevoeiro que desce agora,
agrafado a contrafortes de luz,
o nevoeiro macilento
que nos submerge,
a cada instante,
a cada fragmento de segundo,
cada vez mais compacto,
cada vez mais denso,
cada vez mais baixo,
coagulando a força anímica dos nossos passos,
nos imponha
resiliências convulsivas de tacteio,
de angustias e receios ...
Meu amado, combateremos as sombras
desavindas
em guerras de bridas, de manjerona e alecrim.
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