Nas trevas da casa,
Nas entranhas da mulher,
Nas frestas da janela,
Observo meus sonhos dourados.
Brigo com meu bife esquelético,
Armado de talheres de prata,
Não gosto da tarefa ingrata.
No banho de água mineral,
Gozo na soberba solidão,
Escolhida por mim
Como raro cristal
Sob efeito de meus comprimidos diários,
Viajo por corredores sombrios.
Estarreço-me nas botas barrentas,
Que passeiam meu cárcere aveludado.
Do alto de meu penhasco particular,
Observo tudo,
Sorrindo das tristezas pequenas.
E sonhando com minha liberdade.