Falar sobre o Natal
Me parece algo recorrente
Quando dezembro se aproxima
É frequente (e se repete) ...
Ver esta correria,
Entre presentes e lembranças
Cada qual faz o Natal que pode,
Nas filas, pacotes e andanças
São tantos sonhos,
Por objetos de consumo,
Só possíveis de realizar,
Com o fácil crédito automático
E, com frequência
Dores de cabeça irão dar,
Para pagar a conta no próximo ano,
Que já começa com pesados impostos.
Pensar sobre o espírito natalino,
Longe desta onda de consumo.
É exercício que sempre me animo,
A fazer a cada retorno do menino
(Ou seria mais apropriado do “Noel”?)
Envolto em trapos
Nos braços de mulheres,
Este menino Jesus nas calçadas,
Portas de bancos, esquinas ou semáforos
Das Marias nas ruas tristonhas,
Caladas diante de olhares
Indignados ou indiferentes,
De constrangidos passantes
Pedintes, sem teto, sem bolsas,
Sem ceia, sem presentes
A nos mendigar algo básico
Para o Natal não passar em branco
Acreditar que esta data possa representar,
O ideal de uma verdadeira solidariedade.
Sempre me motivou a mergulhar,
No sentido de um Natal fraternidade.
Apesar de todo consumismo peculiar,
Festa, banquete, porre, que é fatal.
Pois, se existe este alento do cuidar
Quiçá exista de fato um espírito de natal.
Há algo muitas vezes incompreensível,
Que ocorre, de verdade, é certo
Que talvez possa mudar o inverossímil,
Ainda que por pouco tempo o avarento
E possa tocar o coração dos homens,
Na simbologia do nascimento de Cristo,
Traga a paz desprovida de intenções e bens,
Que a Sagrada Palavra seja o melhor presente.
AjAraújo, escrito no Natal de 2005.
Arte: Van Gogh ~ L´uomo e la terra.