Poemas : 

pelas margens do lixo

 
como tacteando nos vimos
mancos nos apoiando
pela estrada rude
margens de lixo
restos de horizonte
por entre tabuletas
de avisos inúteis

ervas que grassam
sorrisos num quase impossível
postal negro de lama
o amor fazendo-se em oposição
ao ruído estridente da máquina
que não pára

derrubam-nos os ventos
o sol em brasa
chuvas torrenciais
e pelo meio
teu olhar em brilho,
espanto meu

nasce um ninho de cegonhas
desafiando a chaminé
esvoaça um corvo lento
bem abaixo das nuvens
e dos aviões
e há guerra e sangue
e ternura nessa mão ainda

assim perdura também a poesia
por entre insónias de comunicação
palavras vãs,cheias de nada,
virtual a vida,a vida real,
surpreendente chama renascendo a cada dia
no que às vezes,
em incríveis momentos,
por aqui proclamas.
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cruz mendes

 
Autor
Alexis
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Enviado por Tópico
Carlos Ricardo
Publicado: 23/11/2009 20:31  Atualizado: 23/11/2009 20:31
Colaborador
Usuário desde: 28/12/2007
Localidade: Penafiel
Mensagens: 1801
 Re: pelas margens do lixo
Alexis,

Gostei de ler este texto muito vivo, sem tiradas monótonas, que contagia a imaginação e as ideias com uma melancolia perturbadora e, por outro lado, remetendo-a para a esperança da biodegradação dos lixos.
Um abraço.





Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 23/11/2009 21:27  Atualizado: 23/11/2009 21:27
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 3357
 Re: pelas margens do lixo
olá Alexis,

soberbo, invulgar

beijo


Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 24/11/2009 01:29  Atualizado: 24/11/2009 01:29
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: pelas margens do lixo
Margens de fácil acessso, mas com intransponíveis correntes, que nos mostram, o quanto poderão ser tanto e tão pouco, em alguns "molhinhos" de palavras....
as tuas palavras que me levaram a passear por estas correntes


beijo


Matilde D'ônix



PS: Obrigada


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/11/2009 02:06  Atualizado: 24/11/2009 02:06
 Re: pelas margens do lixo
«assim perdura também a poesia», apesar de todos os contratempos, como as flores que surdem no meio do lixo, mas de uma rara beleza.

DM


Enviado por Tópico
Julio Saraiva
Publicado: 24/11/2009 03:14  Atualizado: 24/11/2009 03:14
Colaborador
Usuário desde: 13/10/2007
Localidade: São Paulo- Brasil
Mensagens: 4206
 Re: pelas margens do lixop/Alexandra
não sou o caetano veloso, para fazer um comentário cretino. mas o seu poema é lindo. forte. com coragem. versos que eu assinaria embaixo.

beijo, lê.

j.


Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 25/11/2009 17:03  Atualizado: 25/11/2009 17:03
Colaborador
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Mensagens: 1988
 Re: pelas margens do lixo
..aguentar nas maos outras margens de lixo fundido para que tu respires palavras leves e que saltes por cima de outros abismos que tambem sao teus...
"assim perdura também a poesia
por entre insónias de comunicação
palavras vãs,cheias de nada"


beijo alexis.