Não me digam o que devo ou não fazer,
Não me questionem as razões que a cada momento me
dou para agir,
Quero que seja apenas a minha consciência de
mulher feita e madura,
A agitar-me o pensamento e a espevitar-me o
coração para a acção,
Para que possa provar o sabor de ser aquilo que
sou, mesmo que de mim própria possa parecer ou
ser inimiga.
Não me digam que perdi o Norte,nem me instiguem o
ser a partir para um lugar
onde não quero estar ou viver,
porque para tal, não preciso de guia.
Assumo ser semelhante ao vento, que ora vive dias
de bonança e calmaria, ora tem de conviver com as
condições que o instigam a experienciar a
destruição e os momentos de sua própria fúria.
Não me digam que perdi uma oportunidade,
e que sou detentora de um feitio difícil,
porque se assumo a forma de fera é porque de
algum modo minha alma, foi numa ocasião
vilipendiada ou ferida.
Não me digam para ser o que não sou,
porque sou assim e nada mais quero ser.
Apenas quero viver nesta condição de poder lutar
por aquilo que a vida me ensina a adquirir
acerca da arte de dar e receber amor e de ter um
pouco mais de sabedoria.
Beatriz Barroso