É o Jalapão, no vale do Corroó, perto de onde perdi a moringa de nhô Rua. Foi lá, muito próximo da penha do despenhadeiro, rodeado de libélulas, que falei a Mingá sobre o desfalecer de Joana Louca. Diferente do que dizia o bochicho do povéu, a Louca morrei foi em ponta de adaga de Lurdes dos anjos, mulher que de tão ruim deveria era de se chamar dos Demônios. Disseram a Mingá que tinha sido de bolsas a morte de Louca; que bexiga que nada, a grandona sangrou até última gota de sangue depois que a dos Demônios lhe enterrou no ventre adaga enferrujada, presente de seu pai, velho Bujão, demônio dos Demônios; faca pontiaguda que a Louca levava sempre à cinta. Dava para ver nos olhos da Demônio a fúria ensandecida. Esgar dos bichos peçonhentos em sorriso de riso demente. A Louca nem mexeu; só grunhiu, revirou os olhos e lambeu a terra. Foi assim, morte de gente matada instantânea. Dessas que entra o aço, e expira a vida; na hora, Mingá ficou doido; já tinha sofrido o diabo no luto distante da Doida; agora sabe que foi outra a razão da morte que não as bexigas. Foi o fio agudo do ciúme, pois a dos Demônios havia se enrabichado do Mingá, e ele, safado de nascença, deu asas aos sonhos de casamento da coisa ruim. Essa, sim, quando se encontrou com a Louca, em praça pública e por acaso, mais doida que Louca, disse à rival que havia de se casar com Mingá. A Louca ficou doida de ódio e, de mão espalmada, deu de palmas nas faces da dos Demônios. A endiabrada não levava desaforo para casa. Deu de mão na cinta e de adaga no buxo da Louca. Mingá não só não deu com as ideias no lugar mais; e, tempo pouco após, ele se jogou do cume da penha; espatifou-se no fundo do vale. Vale dizer, Mingá é culpado do sinistro. Esperto burro, malandro besta, construiu a cova rasa na prancha de uma pedra plana ao pé do paredão. Pobre Mingá. A Louca e a dos Demônios devem estar esperando por ele. E agora vai ser para a eternidade dos infernos...