Entristece-me
a tristeza do querer e não ter.
Envolve
o encosto da maldade à insinuação.
O disfarce opulento
do anjo que nada mais é
que um lobo esfomeado.
Entristece-me a inveja,
a arrogante maledicência
do que se julga obra,
senhor merecedor de aplausos
mortos à nascença
quando não verdadeiros.
Entristece-me
confundirem simpatia
e sinceridade com pedinchas,
é ruindade.
Desespera-me
o término audaz
de que sou detentora,
incapaz de usar para mérito próprio.
Matança dos sonhos
no crepúsculo do dia.
Corrói-me o pranto
de seres rejeitados,
das amizades falsas
entre o soro da verdade.
Desespera-me
o limiar da vida,
perco a vontade.
Mata-me o suicídio
dos que me matam.
MaRiAMaTeUs
MaRiAmAtEuS