Nunca tive nada que tenho hoje,
Um rosto magro, cabelos brancos e poucos.
Peles enrugadas, pouca visão, vida cansada.
Pernas fracas, corpo sem força, olhar distante.
Nunca tive nada que tenho hoje,
Filhos crescidos, vizinhos desconhecidos.
Mãos que não trabalham, não fazem nada.
E na instante, livros antigos de folhas amareladas.
Se olho o passado, este espelho me joga pra frente,
E me vejo mais velho, em nova velha fotografia.
E aí, tenho um sorriso sem graça, nova magia.
Se olho o futuro, este espelho me leva pra terra.
E me sinto espírito, num mundo de silêncio.
Numa missa de sétimo dia, rezada por amigos,
E família.
José Veríssimo