Rio de mim, por fim, numa boca descarnada de dentes.
Choro-me em rugas póstumas, sem gotas,
sem lágrimas.
Arrepio no coldre as madrugadas envoltas
em golas altas de noite fria.
Engulo o sonho na putrefacção macilenta
de um sentir sem palco,
sem gesto,
sem texto,
num teatro improvisado de 3ª categoria.
Lenta,
iço-me diva em danças impúberes de ventre
de quem, não sabendo, sabe.
De quem não se consente,
morrer viva em constante agonia.
Não mais palavras
sussurradas aos ouvidos.
Não mais bonomias camufladas
em embrulhos residuais d’utopia.
Factos: bolsos vazios,
sapatos gastos, safos, em procura lenta.
Na busca de ser tempo e o tempo se escoar
permanente em beberagens ácidas de sombra.
Espeto murros constantes em ponta de faca,
espeto-me intensa no rodízio da loucura.
Imensa.
Sem pompa,
sem circunstância,
reduzo-me à minha insignificância.
E a noite se explode, absinta,
amarga,
na cólera e na dureza de voos de águias,
na fúria das águas, pretextadas de negra tinta.
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