Queria passear de mãos dadas com a palavra
sem conceitos
queria transformar as pedras em colmeias
e gritar a Deus no trovão do céu
que o menino é sempre passarinho
e dá de beber na janela do mundo a todos os versos
até embriaga-los para
acordar como Manoel de Barros
as cores do amanhecer
acordar as águas das fontes
revigorar os pés cansados dos montes
e calçar-lhes novas sandálias para não tropeçar no zênite
levitar sobre a nomenclatura dos vermes
que esgarçam a palavra no frenesi dos abismos
dizer da alvura das tempestades além da escuridão
da gravidade da luz de todas as idades
dar de beber ao cântaro carregado de ansiedades
que fermenta as leveduras do chão
e sempre sorver de água fresca de verbos
recém –colhidos
queria assim...