Poemas -> Sombrios : 

Patíbulo

 
Tags:  Patíbulo  
 
sinto a ponta da linha
partida, tremo-me
num desgoverno
em patíbulo feito.
derrapo nesta estrada
para lugar nenhum.
caio, as carnes roídas,
no rosto opaco, a língua
amorfa, desterrada
sem curva à vista
nem laço, nem viela
só escuro vão
encaixotado a pregos.
espalho o meu corpo
em fogo, onde me dispo,
nas esquinas do vento.
que me não reunam
no sangue deste inferno
a alma em cinza,
e me não retome
o ciclo do tempo
vácuo, sem saída.

 
Autor
RoqueSilveira
 
Texto
Data
Leituras
1173
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
15 pontos
15
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Paulo Gondim
Publicado: 13/11/2009 02:56  Atualizado: 13/11/2009 02:56
Membro de honra
Usuário desde: 12/11/2007
Localidade: São Paulo (com o coração no Nordeste)
Mensagens: 449
 Re: Patíbulo
Nossa... Que poema forte! O que dizer de algo que veio do fundo da alma? Mas, não sei por que, veio de encontro a mim...
Excelente texto. Uma grande poetisa!


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 13/11/2009 11:00  Atualizado: 13/11/2009 11:00
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: Patíbulo
Despes a alma na firmeza das palavras tão pouco opacas, nas cinzas do tempo que se esvai...

beijo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/11/2009 18:46  Atualizado: 13/11/2009 19:24
 Re: Patíbulo
O vento soprou forte, e das esquinas trouxe até mim este belo poema, só aparentemente sem saída, pois todo ele, mesmo com «a alma em cinza», das cinzas renasce, em louvor da poesia.

DM


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 13/11/2009 20:34  Atualizado: 13/11/2009 20:34
 Re: Patíbulo
Não posso passar ao lado de um poema com esta intensidade sem entrar.

"que me não reunam / no sangue deste inferno / a alma em cinza, / e me não retome / o ciclo do tempo / vácuo, sem saída."

Belíssimo, sem mais palavras, para não estragar.

Marialuz


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 13/11/2009 22:21  Atualizado: 13/11/2009 22:21
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 à conceição
não sei em que esquina do vento me perdi mas foi prazeroso. tenho em mim que este poema é um devir, um por ver. costumo gostar de esquinas de rua e de esquinas de vento, tantas vezes cruzadas. a vida é feita de ciclos ou de círculos, se for um círculo voltamos ao mesmo, se for um ciclo só lá voltamos se quisermos. a saída é um prognóstico.

bom é assistir a um amadurecimento da escrita. aliás, julgo que este é dos meus favoritos conceição.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 14/11/2009 01:13  Atualizado: 14/11/2009 01:13
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Patíbulo
Vou te deixar um pensamento que seu poema me lembrou:

O prego que se destaca é martelado...

Lindo sem virgulas. bjs


Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 14/11/2009 15:46  Atualizado: 14/11/2009 15:46
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: Patíbulo
..é com timidez que leio este poema,
eu que me senti nu,envergonhado!

abraço.


Enviado por Tópico
Punkita
Publicado: 16/11/2009 17:46  Atualizado: 16/11/2009 17:46
Da casa!
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade:
Mensagens: 308
 Re: Patíbulo
Um caótico labirinto em imagens psicodélicas criada por uma alma atordoada pelo inferno da própria existência que vaga sem rumo a mercê do vento entre as estradas... do tempo.

...o frio da alma nua que queima em fogo ardente até virar cinzas.

Adoro essas suas poesias, Vivas... Intensas.