Poemas : 

coisas da memória sensível ( a fuga)

 


Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

beijo-lhe as mãos e peço-lhe que me siga no murmúrio do mar dentro e no vento do corpo de um ainda.é deste conhecimento que habita a memória sensível de uma outra vez.é assim que resiste ao tempo,este monstro.ao crepúsculo,mergulha em nevoeiro liquido.digo liquido, porque encharcou o rosto,este rosto que eu toco e beijo com as minhas mãos de sal.encontro-lhe,quando o beijo,as cidades que partiram para outro existencial.decerto, também o seu corpo partia.porque transparece luz a sua forma.respira a maresia.nunca soube quanto a amei.também nunca lho disse.dentro, trago-lhe este amor.o que consome por dentro e alimenta a carne.e o meu instinto levou-me a senti-lo lento.é assim que devemos aguentar,o amor.que se esquiva sempre que o sol rompe a janela e atiça as pálpebras.preparo a fuga,tal como as cidades que se mudaram ,para outra casa.assim não mancho a noite ou o que dela resta.bem lá no fundo,poderia olhar novamente para aquele corpo, que deitado dorme.o amor.mas não tenho a coragem.sou tal como as cidades que à noite se cobrem com luzes artificiais e que de dia aguardam que as pessoas lhe sujam os pés.reflectido,liberto um sorriso. e deixo-a dormir.nao quero a sua súplica nem a minha cobardia.poderia quebrar e talvez nunca mais alimentaria este monstro,este amor que vive por dentro.porque sou como todos os românticos que vivem as horas nos balcões dos cafés cinzentos.que afogam amor pela fragilidade que lhes come o coração.e cantam canções, do homem-dúvida e os seus sentimentos. é este o ardor agitado que se sente quando se fala de amor.todo o homem que ama é tolo.por isso fujo.fujo com a certeza de mágoa e de mal-estar mas só assim conservo este sentir amor.se não o fizesse agora outro tomaria o lugar deste e um outro ainda o lugar do outro que se apoderou do primeiro.sim! porque a amo.e porque não acredito no amor para sempre.porque acredito no amor para sempre, incontável.deixo-a assim.e procuro outra casa.outro café onde posso beber as suas memórias.faço-o, porque sempre alimentarei este desejo,este sentimento.é sempre de manhã que a ela sou subordinado.poderia mata-la mas também eu morreria.melhor será partir.
 
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Caopoeta
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Enviado por Tópico
shirley
Publicado: 12/11/2009 13:01  Atualizado: 12/11/2009 13:01
Da casa!
Usuário desde: 22/06/2008
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
Realmente memórias sensiveis, que se pudessem ser tocáveis seriam frágeis. Li e qdo reli sorvi lentamente cada palavra para melhor compreender e senti uma leve dor, dor de quem não viveu mas imagina a dor q deveras sentiu.

Enviado por Tópico
samanthabeduschi
Publicado: 12/11/2009 13:21  Atualizado: 12/11/2009 13:21
Da casa!
Usuário desde: 09/07/2009
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Mensagens: 426
 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
"nao quero a sua súplica nem a minha cobardia.poderia quebrar e talvez nunca mais alimentaria este monstro,este amor que vive por dentro.porque sou como todos os romanticos que vivem as horas nos balcoes dos cafés cinzentos.que afogam amor pela fragilidade que lhes come o coraçao.e cantam cançoes, do homem-dúvida e os seus sentimentos."

Belíssimo, poeta! Escreves com tanto sentimento nesse texto carregado de uma melancolia afiada que nos rasga o peito de tão intensa. Parabéns!

Beijos
Samantha

Enviado por Tópico
HorrorisCausa
Publicado: 12/11/2009 13:36  Atualizado: 12/11/2009 13:36
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
texto de uma profundidade insondável que não esconde seus desígnios e que possui cravadas as setas de cúpido... não se pode fugir do inevitável.

beijo

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 12/11/2009 13:39  Atualizado: 12/11/2009 13:39
Usuário desde: 06/11/2007
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
eu diria... que tolice.

Melancólico.

Abraço, camarada.

Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 12/11/2009 18:15  Atualizado: 12/11/2009 18:15
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 coisas da memória sensível ( a fuga) ao caopoeta
somos realmente sensíveis, não somos? somos como a flor no meio do campo ao abrigo da geada, à espera de morrer. gosto deste texto, da nostalgia. às vezes penso que dentro de ti habita um mar em noite de tempestade, outras que há uma espécie de tristeza passiva, como a minha, a embaraçar-te os movimentos. masestás em fuga e eu ainda não saí do mesmo lugar.

um beijo
mar.

Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 12/11/2009 19:49  Atualizado: 12/11/2009 19:49
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
...a mesma (intensa) força expressiva de sempre em terreno das insondáveis teias do amor...que, às vezes, parecem acorrentar-te...talvez, a fuga...

abraço
arfemo

Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 12/11/2009 21:18  Atualizado: 12/11/2009 21:18
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
olá caopoeta,

rendo.me ainda que ao ler.te, senti.me nas tuas palavras, maldita dor.
amordaço.me nestes sentimentos como se fossem meus.

beijo
MG

Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 13/11/2009 19:14  Atualizado: 13/11/2009 19:14
Membro de honra
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
Concordo que o amor é um monstro dentro de nós. Bom texto.Beijo

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 17/11/2009 20:09  Atualizado: 17/11/2009 20:09
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 Re: coisas da memória sensível ( a fuga)
quero agradecer os comentários e a vossa presença.
um bem hajam.