Mentira que fala verdade
é quando a voz fala
palavras que gritam saudade,
essa voz que não nos cala,
nem ao mais sincero
pequeno ser,
que espero,
poder ver viver,
o que se pode dizer,
em vez do que se quer,
ouvir falar,
se amo, digo que amo como o amar ama,
sem tirar nem pôr,
com a mesma cor,
com as mesmas lágrimas,
e com a mesma dor,
aguda que me suja as entranhas,
com o sangue,
de guerra, e de terra,
que quando fica suada,
de mortes, e de mais um nada,
por todos feito,
ai, não sou perfeito,
e sei apenas criticar,
falar e falar,
e não vou disso passar,
a banalidade de mim,
é tão simples assim,
choro como se chora,
como se saúda,
a vida por ai,
com um copo em mão,
de joelhos no chão,
levanto ao ar,
um beijar, um contemplar,
com os lábios,
nesse copo,
nesse corpo,
lindo e que ainda me ama,
como o amor chama,
a chama ardente,
que me penetra a mente,
cria-me como um diferente,
esquecimento,
que chama-se saudade,
a mentira que fala verdade.