Fomos tudo
o que a vida pintou,
o que o destino ditou,
bem alto, quase me calou.
Mas a voz de escritor
é tão alta e útil,
a todas as vozes que se calam
perante a dor fútil.
Porque temos que chorar
por algo que não conseguimos ver
que penetra-nos lentamente, e ao entrar
vai me matando tirando de mim todo o meu viver.
As entranhas que deixo caídas no chão
molhadas de todas as lágrimas,
que afogam-me em todos os sonhos, de ilusão
em que não consigo respirar, e viver nestas rimas.
Vou mais uma vez cair
e levantar-me, até de preto luto,
por ver a vida morrer, e ir,
mas sei que fomos tudo.