Rostos nunca vistos aos espelhos.
Restos e reminiscências horrorosas.
Árvores sem folhas; Herbívoros soltos...
Manchas falhadas...
Calçadas e asfaltos rachados.
Mato nascendo nas fendas sem fim.
Casas de fachadas horrendas.
Pessoas escondidas dentro de mim.
Surge na biosfera algo que nunca supus.
Feridas não cicatrizam... Só emitem pus...
Só transmitem impurezas...
Esfrego as mãos; depois as recolho
Aos primitivos bolsos... Sem sol...
Sem luz...
Passos no chão. Opacos.
Cacos de garrafas ao canto.
Páginas de jornal sujas de rua.
Passos secos...
Cascos de cavalos...
Cascos de garrafas noutro canto
Pessoas ocas. Ruído chato de automóvel
Passa uma moto. Outra logo após. Mais uma...
Lembrou-me as pombas de Raimundo Correia...
Mais um mendigo na calçada: Passos secos.
Mais um mendigo na escada: Passos lentos.
Mais um mendigo na estrada: Pêlos pela cara.
Cabelos imundos e gigantes. Pés enormes.
Mundo doido. Cabelos prateados ao vento.
Pensando:
Pessoas são ruins como também são boas;
São assassinas; São meninas, meninos, médicos...
Sujeitas as todas as virtudes e defeitos que advém
Naturalmente delas mesmos...
Pensando:
Todos somos um pouco de cada coisa.
Somos deuses destilando nossos ódios.
Somos demônios constituídos de amor.
Pensando:
Todos fabricados pelos sonhos de nossos pais.
Todos fugidos dos orgasmos de mentes doentes;
Todos oriundos do mesmo orifício, com a boca
Sem os dentes...
Perdidos pelo mundo e pelas palavras...
Perdidos pelas reminiscências.
Gyl Ferrys