Poemas : 

Sou Claustro abandonado

 


Há um querer que me aguarda, que me eterniza.
Há um odor nublado, etéreo, melodia cansada e dormente.
Há centelhas em chamas, brasas sem tronos, reinados indolentes,
queixo-me das pratas, da substância inebriante que consumo,
abraço-me nas amarras que dilaceram, canduras vãs.
Cantam os coros na obscuridade, véus pintados, imersos em salitre,
apodrecem as infâncias no esquecimento,
envelhecem-me as faces ocultas no desespero.
Enrugam-se-me as peles vazias já gastas.
Embelezo-me na bucólica, conjunta, mistura e breve,
nas orgias parcas, tecidas de orvalhos antigos.
Sou ruína envelhecida, derrubada pelos ventos esvoaçantes.
Sou claustro abandonado, bronzeado pelo sol da alma.
Fui sacerdote de altares petrificados, profetiza virgem,
fui meretriz nos tempos idos, viciada nos prazeres transparentes.
O agora veio e raptou-me, fugi com ele.
Dei-me como canção.
Não me quiseram os olhares. Fugiram-se de mim.

 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
Liliana Jardim
Publicado: 11/11/2009 00:56  Atualizado: 11/11/2009 00:56
Usuário desde: 08/10/2007
Localidade: Caniço-Madeira
Mensagens: 4420
 Re: Sou Claustro abandonado
Gostei poeta de te ler, deste teu rapto, refem do "querer".

Jinhos
Tudo de bom para ti


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 11/11/2009 09:55  Atualizado: 11/11/2009 09:55
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: Sou Claustro abandonado
A porta entreaberta convida a entrar no claustro abandonado pelo tempo em que se erige... refugio-me no encanto do milenar interior, onde se respira a essência de cada vivência...

Abraço