Calço os pés com silêncios, o andar faz-se em tapete de algodão de sentimentos fingidos.
A gola do casaco vai sufocando a alma pela descrição de uma paisagem que já não existe. Visto o corpo de gemidos falsos e choro, não sei se pela vontade de me voltar a ter, se pela alegria de já não me sentir. Imponho o uso de luvas de borracha, para apagar tudo o que me salta dos dedos, ficará o papel sempre branco. Por baixo não sei o que vista, se a ilusão de um desejo, se a vontade do conforto. Talvez um pouco das duas, pois ainda sou mulher de prazeres. Falta-me um bolso para guardar as frases já gastas, aquelas ainda não engolidas por um cérebro que se recusa a colaborar, vou colocá-las no peito, encobertas com os seios volumosos de ansiedade, talvez um dia se possam confundir com o sentimento justo e perfeito.
Estou pronta para entrar no palco!
Podem abrir as janelas da vida, agora, é a minha vez!
(reeditado http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=58521)
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