Com esta história do assassinato de esqueleto, meti-me numa boa.
A assassina veio falar comigo tremendo como varas verdes, (varas vermelhas, não existem) para que eu tente convencer o esqueleto de a não mais prosseguir.
Como fazer? Eu não me quero zangar nem com esqueleto, nem com a criminosa, mas tenho a dizer que estou mais do lado do esqueleto que da parte dela, é preciso ter coragem para assassinar um esqueleto, é não ter sensibilidade humana, mas enfim, cada um mata o que pode, há os gostavam de matar o trabalho, outros que gostavam de matar a morte e muitos há que tentam matar a fome todos os dias e não conseguem que fazer umas ameaças, a vida é composta de muitas coisas bizarras.
Andei vários dias à procura do esqueleto para lhe falar e que pena ele me fez de o ver assim quando o encontrei,
magro, magro, mas verdadeiramente magro, não era que osso e osso.
-Caro amigo, perguntei eu, está doente, está com a gripe A ou outra doença qualquer?
Comecei a lhe falar assim para tentar que ele não se enervasse, pois que se ele me desse uma berlaitada com aquelas mãos duras como ossos, nem queiram saber o mal que isso me iria fazer, ficaria com um rosto que já não é nada lindo, num estado lastimoso tal, que mesmo o espelho teria medo de me ver.
-Não. Não estou doente, simplesmente já não como há oito dias.
-Não come há oito dias e porquê?
-Porque não saio daqui de onde estou antes de ver passar aquela bondosa senhora que me quis assassinar.
-Sabe porquê a não vê por estas bandas?
-Não não sei, e nem tenho intenção de lhe perguntar, se a encontro....
-Não merece a pena esperar por ela caro amigo esqueleto, ela não está em Braga, não está mesmo em Portugal, com o medo, ela foi para França e refugiou-se em casa de um casal amigo dela, como vê, pode-se ir embora, ela não voltará para estas bandas, vá´comer qualquer coisa, está com muito mau aspecto, magro, com olheiras....
-É capaz de ter razão, se ela não está cá, não merece a pena que por cá fique.
O esqueleto lá se foi clac,clac,clac marchando lentamente visto o seu estado de fraqueza.
Eu, contente da minha ousadia e do bem que tinha acabado de fazer, fui ao bar do costume, um bar onde uma tertúlia de uns tantos que têm uma pancada, passam as noites, para beber uns copos e me divertir com a tertúlia, como era sábado só voltei para casa cerca das quatro horas da manhã.
Dirigi-me para o carro e oiço,... clacclacclacclacclac, era o esqueleto que corria em minha direcção.
O medo que senti! Tive cá uma dor de ventre que nem suportei mais tempo e as pobres calças ficaram num estado lamentável.
Ouvia o clac clac e já nem sabia se era o esqueleto se era eu que tremia.
O esqueleto chegou ao pé de mim e com certa fúria ia para me agarrar pelos colarinhos, mas parou!
Começa a rir, a rir, a mostrar toda a dentuça e disse:
-É pá... tu cheiras mal que se farta, e continuando a rir, disse: eu vinha à tua procura, segui o teu conselho, fui comer alguma coisa e como já não comia há oito dias, o que comi caiu mal no estômago e deu-me cá uma diarreia que nem queiras saber, por isso vim à tua procura, para me vingar queria- te exigir que me desses a morada dela, mas visto o teu estado, vai, vai para tua casa, mas não te esqueças, eu voltarei para falar contigo.
Eu nem olhei para trás, mesmo a pé estava em excesso de velocidade, entrei no carro e fui para casa, esperando de não o voltar a ver esse senhor.
É sempre assim, quando quero fazer bem a alguém, sou eu que pago as favas, enfim!
A. da fonseca
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