Sonhei que carregava uma pesada cruz,
Caminhava sob espinhos, que em meus pés se cravavam,
Num trilho húmido, de solidão…sem luz,
Sob meus ombros a inveja e indiferença pesavam…
Cada passada custava mais que a anterior,
Rastos do meu sangue tingiam o chão,
Dos meus olhos, lágrimas…da minha face, suor…
Desolação comprimida, no lugar do coração!
Enquanto caminhava, sussurros ecoam no ar,
Vozes malditas que me atormentam,
Não olham para si próprios, é só apontar…
Intrigas e mentiras que nem se fomentam!
Se hoje com um sorriso penso no passado,
Nem conto as vezes que a vida quis findar,
Teria sido tão fácil…estaria tudo acabado,
E certamente, minha ausência, ninguém iria notar…
Mas não sou mulher de fugir,
Carrego esta cruz, penosa, sozinha,
Enquanto forças tiver não irei desistir,
E com ela nos ombros enfrentarei o que se avizinha.<br />O cansaço e a tristeza, apoderam-se da alma, e a dor persiste,
Sempre pensei que não pensava no amanha para viver o presente,
Hoje sei que para mim o amanha não existe…
E que a palavra felicidade na minha história está ausente.
Tudo aquilo que toco, mancho, desboto…
Sou um vírus mortal, peganhoso,
Que mata com um simples toque,
Sou ser decadente com gene defeituoso…
Por isso…quero abraçar a solidão,
Carregar meu fardo sozinha,
Deixem-me quieta nesta podridão,
Pois tudo o que toco se contamina.
Deixem-me só…com minha decadência,
Nem olhem para mim se me virem passar,
É esta minha sina, minha incumbência…
Pelo meu sorriso não se deixem enganar.
Sonhei que carregava…mas eu carrego,
Que caminhava…estou caminhando…
Não é sonho este sangue que enxergo,
Terei forças? Até quando?
( Vania B.)
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