Poemas : 

Os meus muitos nomes

 


Tranquilizam-me as caves inócuas, subterrâneos do desconhecido.
Acalmam-me as mãos leves, puras no toque,
as ânsias nos caminhos pouco percorridos.
Iluminam-se-me os carreiros obscuros, desdenhados ao nascer.

Há nos ciprestes sementes aladas, purezas de sonho e ilusão,
quando crescem no amontoado da agonia aguda, sentida, passageira,
quando se elevam, nos sepulcros caíados de névoa branca,
quando albergam aves que não dormem, que caçam na noite calada.

Enamoro-me das primeiras neves, aquelas que morrem ao nascer,
aquelas que não têm descanso, nem dolência,
aquelas que não se criam, nem são criadas,
as neves, que dormem sobre os ciprestes,
nas últimas moradas dos mortais.

Ladeiam-me as grutas opacas de sentimento, os ciprestes e as neves,
os pinheiros mansos e os corpos lânguidos,
as bocas prenhas de sensualidade e os beijos naturais.
Obscurecem-me as unhas quebradas na escuridão,
percorrendo os caminhos tristes dos meus muitos nomes.

 
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jomasipe
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Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 08/11/2009 22:23  Atualizado: 08/11/2009 22:23
Colaborador
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Mensagens: 3482
 Re: Os meus muitos nomes
Há um enamoramento no eco criado pela profusão das tuas palavras que percorre os trilhos das árvores rumo ao firmamento...

Abraço


Enviado por Tópico
Conceição Bernardino
Publicado: 09/11/2009 00:30  Atualizado: 09/11/2009 00:30
Usuário desde: 22/08/2009
Localidade: Porto
Mensagens: 3357
 Re: Os meus muitos nomes
sem sombra de dúvida...divinalmente profundo.

beijo
MG