Quando estranhas súbitas pressões
Que te invadem o peito, feito angina
Como se fossem flechas arremessadas
Lancinantes a perfurar tuas entranhas
Se quando as arranca abruptamente
faz sangrar abundantemente
Ou se deixas longamente
faz envenenar fatalmente
Decidir é como esculpir
Peça bruta a lapidar
Se tu temes o resultado
Ficas a adiar o buscado
Este sentimento ambivalente
Mistura razão e emoção
Se à coragem dá vazão
Ao medo dá armadura e chão
Ao voo mais elevado
A expectativa te toca
Mas inda te agarras ao estrado
Ante a borboleta te foca
Escolher é como um relâmpago
Rasga o firmamento no prenúncio da chuva
Mostra e clareia o abrigo seguro
Mas se vem temporal não tens certeza
Mas se navegar é preciso
Decidir é necessário
Adiar pode ter um preço implacável
De um destino inexorável...
Afinal as circunstâncias
podem à tua revelia definir
em outras inesperadas instâncias
se insistes em resistir a caminhar...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 16/11/2007, revisitado no verão de 2014.