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Soneto para a audição de amantes sonolentos

 
Tags:  amor    poesia    hipocrisia    suavidade  
 
Fugi incessantemente da forma cartesiana
Da ceifa alegórica da liberdade
Mas como oprimir o dom e a verdade,
E coibir a palavra nua e urbana?

Atentarei em coisificar a víscera
Em engarrafar e rotular de musicalidade o medo
Para não restringir dos sonolentos o segredo
Da língua de fel e mortífera.

A linguagem que não nega ao pranto o doce
Conduzindo as Boas Novas da insígnia latente
À sua Belle Époque, ao seu Éden precoce.

Castigarei a suavidade da métrica
Pintando de luz seu corpo impávido e doente
Da causticante serenidade da sua infeliz sorte

Preza a sua jaula de amor inconsistente.


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros


Crítica ao atual cenário da poesia em lingua portuguesa.
 
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Cleber
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Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 06/11/2009 13:20  Atualizado: 06/11/2009 13:20
Membro de honra
Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1976
 Re: Soneto para a audição de amantes sonolentos
Aí está um soneto acima da média, para se refletir. Está entre os meus preferidos

abraços: