Ando comendo água pela vastidão dos bares da mente.
Ando zarpando pelo Atlântico da memória náufraga, dolente e incontinenti!
Ando constantemente prenhe de paisagens
Pululantes e sôfregas por gente.
Ah,
Como eu queria
Que soubéssemos
Ser o errático bólide do córrego infrene:
Conhecendo o sentido de se estar
Com a planta dos pés na terra;
Levados pelo remanso
De se estar plenamente
Ao sabor do ar livre;
Dispostos a polenizar a matéria
Do desconhecido que
--- á nossa frente ---
Placidamente fica á espera.
Ando sob o efeito
Da alterosa poeira,
Deixada pela energia cinética das ideias
Quais rebentam dos pensamentos quânticos:
Olhar além da gravidade,
Cujo códice de leis nos circunscreve e rege;
Mergulhar no infinito oceano
De mundos paralelos,
Fervilhando nos átomos
Da nossa pele e osso;
Flutuar sobre a onipresente
Neblina da estupradora Tirania,
Juntando-me ás Estrelas
Que formem a Luz da Chama Coletiva
Para derrotarmos a pérfida Realeza da Hipocrisia
E parirmos --- finalmente ---
O Reino da Pax-Poesia.
Ah, que temeridade que digo:
A bem da verdade,
Estou comendo água demais por dias a fio!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA