Há um contacto futuro, uma interpenetração estendida,
entre os nossos corpos, delineada, maleável, frenética,
imparável, corrente, esquiva, escondida em nós.
Uma explosão cantada, entoada em brados, nas liras do tempo.
Há um sangue mesclado com rios subterrâneos,
uma serpente enroscada numa pele qualquer,
uma semente expandida, desejando nascer,
uma lenta chama acesa, prestes a apagar-se.
Há uma névoa que avança pela montanha calada,
um silêncio inerte, escondido, molhado,
um mar encharcado, absorto nas falésias,
uma areia encantada, carregada pelas cheias,
chuvas intensas, amenas, sofridas,
luzes que se bebem, nas sedes de vida.
Há um canto chorado, que me aperta o corpo mole,
uma linha quebrada que me une num sopro manso,
de um vento em mim, que teima em arder.