Em meio a imagens em tempo real,
de uma guerra insana,
Em meio a viagens pelo deserto
do coração dos homens,
Em meio a carruagens modernas
feito caravanas de fogo,
avançam exércitos na velha Mesopotâmia,
Em meio a vantagens tecnológicas,
a guerra torna os meninos soldados em feras,
de um valor humano que se castra, que se abomina,
Em meio a gritos que já não ecoam,
sussurros de vidas que vão lentamente
se apagando, sem pena,
Em meio a ritos que já não se respeitam,
templos, igrejas, mesquitas caem,
na guerra profana (santa?),
Em meio às pobres savanas da África
ao negro ouro do oriente,
na cobiça humana um ato de infâmia,
Em meio a morte anunciada,
de raças dizimadas pelo ódio e intolerância,
em hora marcada, perde-se a agenda da humanidade...
Em meio a este triste descortinar do 3o. milênio,
um novo Reich se anuncia
em nome de um Deus,
Em meio a uma nova Guerra das Luzes,
duzentos anos depois, juntam-se Estado e Religião
na escalada de dominação que avança célere sobre o mundo,
Em meio a tanta dor, surge a esperança,
protestos, movimentos de contra-reação
ungidos de uma postura libertária,
Em meio a um fervor religioso,
tradições, rituais,
culturas massacradas pela imposição
de modelos globais que julgam-se donos da
verdade, "do que é melhor para o mundo",
inaugurando novas formas de colonialismo,
Em meio a tantas incertezas,
é preciso renovar a crença no humano como valor,
ainda que na sua finita singularidade,
a perspectiva de projeção de um futuro
para as (ameaçadas) gerações repousa nos pilares
a diversidade, pluralidade e solidariedade entre os homens.
AjAraújo, o poeta escreve sobre as tristes cenas
na Palestina, crianças ao invés de brinquedos
portam armas, em Março,2003.