Amigo me conta bem baixinho, bem no ouvido, fala de tudo
Só pro meu coração, o que houve com seu amor, lindo amor
Sua mão tremula seu olhar fixo no nada e seu filho fixo no além
Se hoje tem passos incertos e a sua mente vazia me diz tudo amigo
Os amigos são sócios, um da felicidade do outro e vice e versa
Que foi feito da vida e do filho que ficou na estrada naquele dia
Seus pais por onde andam, “eta saudade danada”, sempre nossos pais
Me fala dos amigos, me conta tudo, tenho pressa, não tenho falado de você
Amigo me conta se é verdade que o vento levou tudo embora
Se enrolaram o vento, o tempo e você ficou no meio, me disseram
Não fiquei sabendo quem errou, me disseram que você perdeu
Amigo, ainda me lembro como tudo era dentro daquele tempo
Vem amigo me conta tudo mesmo, me fala dessa força que é o tempo
Me fala dessa força que é o amor que gera filhos e que geram filhos
Me lembro ainda da sua fé num rosto sem rugas e num coração puro
Do seu berço quente que foram os braços de seus simples e lindos pais
Quinzinho quis não ter aprendido a contar tanto, talvez só até dois, fui além
Porém amigo a gente não entende a cabeça do nosso Pai, que tanto nos permite
Amigo um dia tudo será como antes, não seremos nada e aí a gente se encontra
Teremos todo o tempo do mundo um para o outro, não haverá distância, nem pressa
Nesse dia poderemos sentar numa nuvem branca e tocar um violão bem afinado
Amigos irão ficar ansiosos esperando na fila que não pára, cantar com a gente
Quinzinho, quem sabe o Dão vai estar lá, o Thans, Afrânio, Fernando e outros
Num importa um dia a gente vai se encontrar, amigos não se perdem nem no Céu.
José Veríssimo