Acordar com o cantar do galo
Espreguiçar com o raiar de sol
Vestir o longo vestido de chita
Lavar o rosto na água de bica
Tornar-se a mais linda moça
Mulher bela, minha linda camponesa
Lavrar a terra e calejar as mãos
Tirar o leite e matar a fome
Amar a terra e fecundar a fêmea
Alisar o macho e criar a vida
Incorporar o belo e sorrir na cama
Mulher bela, minha linda camponesa
Amansar o cavalo bravo e solitário
Fazer a cerca na serra e colher o mel
Tratar da dor e dormir na fria sombra
Criar no ventre a força da vida
Amamentar o filho à luz do luar
Mulher bela, minha linda camponesa
Esquentar o peito e tratar do filho
Beber da fonte a fé na Santa
Estar no altar na hora da missa
Conhecer os segredos da volta
Adormecer no encanto da tarde
Mulher bela, minha linda camponesa
Findar a vida como quem corre da morte
Tecer na esteira o cair da tarde
Dormir na calma do início da noite
Sonhar serena nos braços da paz
Beijar o rosto do amor por toda a vida
Mulher bela, minha linda camponesa.
José Veríssimo