Sonetos : 

soneto triste à alegria

 
Voam brilhos, luzes e fogos
na noite escura e fria.
O céu sem estrelas se alumia,
crianças sem tecto, jogam jogos.

Apanham as canas os pedagogos,
artífices da alegria
que fazem da noite, dia.
Flores, raios de sol, demagogos.

Voam brilhos e cantam fados,
embriagados de sonhos, festas;
uns feitos, outros inventados.

São as canas de fogos indigestas,
apanham-nas os embriagados,
queimados; são os sonhos as bestas.


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

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Por regra, não respondo.

Sonhos para a próxima vida...
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 03/11/2009 16:43  Atualizado: 03/11/2009 16:43
Membro de honra
Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1976
 Re: soneto triste à alegria
Bom soneto. Só não entendi o finalzinho.

abraços:

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/03/2018 17:11  Atualizado: 19/03/2018 17:27
 Re: soneto triste à alegria p/ Rogério Beça
.
Conheces um conto do Torga, chamado "A festa"?
Sinto aqui a mesma sensação de fim de festa, tão aguardada, mas que se extingue em desilusão e figuras tristes...