Enquanto espero fico parado em mim, que ponto é este que explode em uma reta
Se vou, volto mais, se me procuro em mim, sou nada e em mim não me encontro
Se me encontro corro do lugar onde estou, nunca sou sozinho de onde nunca saí
Que lugar é esse, quem é esse corredor, um corredor só não faz a corrida, corro pro nada
De onde vem a força que dá energia ao último louco, da última mente tira o sentimento
De onde vem o ponto que leva a estrada pra longe, que leva o hoje pra amanhã
De onde vem o detalhe que faz a diferença e define a distância do caminho
Que lugar é esse, quem é esse louco, um louco só não a faz a loucura
Onde está o tempo da fotografia amarelada, rasgada, pendurada na parede amarelada
Onde está o cheiro do gado dormindo, um ao lado do outro, buscando o calor da vida
Como construção divina, nessa união da luz na montanha, sela o amor maior animal
Que lugar é esse, quem é esse gado dormindo um ao lado do outro, num amor carnal
Quando não me espero vou pra qualquer lugar, estou perdido, e nesse lugar me encontro
E desse encontro no mágico local faço a minha morada pra nunca morar lá, sei lá onde é
Vivo correndo, não criei raízes, sou o mais novo escravo sem correntes, vou correndo
Ciganando os dias, borboletando as montanhas, abraçando o vazio, tentando a sorte
Enquanto espero fico parado em mim, que ponto é este. . .
José Veríssimo