A noite vai caindo sobre o
montado,
a luz do ceu vai descendo lentamente
em busca de outros campos, outros prados,
outras gentes... Já o sobreiro da eira
geme a falta do Sol, entristece a rama
e descai o tronco, as raizes encolhem de
frio e as folhas caem secas, melancolicas,
dolentes... A lua insinua-se e faz a corte ao
sobreiro da eira, ilumina-o tambem, da-lhe
a mão, dá-lhe guarida e afeição.
E o que resta ao sobreiro? Apenas aceitar,
mas, não é ali que o seu coração bate, não
é pela lua que a sua alma geme, apenas
vadiam o asfalto na loucura da noite. E nas
noites em que a lua não esta, o sobreiro
fica mais só, sem o seu amor e sem quem o ame...
É nessas madrugadas que surge o desejo pelo
lenhador do machado, a liberdade daquela
opressão dolorosa, o principio do fim.
E assim é a estranha alma do sobreiro da eira, que
ora chora ora ri, ora vive ora morre.
RICARDO LOURO
Ricardo Maria Louro