"A dor do poeta, nem sempre é sua meta!
Ás vezes, ela se manifesta pelos pesares
do "nosso" mundo, nos seus exteriores,
outras vezes, ela desponta pelos andares
do "seu” mundo, nos seus interiores."
Tenho essa dor,
sabe, essa dor é a que conta
Que se revela em um rubor
esse calor que desponta
Que se angustia em um temor
esse medo da flor, espinho que corta
Que se consola em um andor
esse fervor que d'alma brota
Vivo esta dor,
cabe, essa dor é que reclama
Que se manifesta em um andor
essa febre que se inflama
Que se refugia em um tremor
esse bálsamo que acalma
Que se silencia em um altar-mor
Esse Deus que me chama
Liberto esta dor,
acalme, essa dor é a lança
Que se suplica em um clamor
essa prece que invoca
Que se cura em um fervor
esse canto que evoca
Que se abriga em um pastor
esse pranto que alcança...
Ah, essa dor, sem cor,
Que ao meu coração fala
Esse tempo, nesse espaço
de silêncio d´alma
Que remédio, pra superar
esse tédio que abala?
Ah, essa flor, inda em botão resiste
E se encerra, se despetala.
Ainda tenho essa dor,
sabe, sem essa dor a vida não se revela!
AjAraújo, o poeta humanista, poema de abertura do meu futuro livro "Canta teu conto".