Não te escondas atrás da máscara branca
Que mostras ingénua, pura, divinal.
Já não enganas ninguém
A máscara com que te escondes
É feita do vil metal.
Despe-te
Desce
Aos calabouços dos mortais.
O que é isso?
Perguntas com desdém.
Os calabouços para mim
Não são iguais aos demais.
Os crimes de que me acusam
Usam camisa alva pura
Tão branca como a minha máscara
Que me impedem a clausura.
O vil metal?
Mas que injúria!
Eu processarei quem me acusar
Nestes cargos que comprei
Muito me custou a ganhar.
Demitir-me eu?
Mas nem pensar.
O povo que se esmifre
Que se cosa, que se lixe
Que trabalhe sol a sol
E neste alto paiol
Cá estou eu para o roubar.
Não me insultem ou difamem
Não me teçam nenhuma teia
Porque olhem que daqui onde estou
Meto-vos a todos na cadeia.
Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor