Poemas : 

Canção de embalar II

 


Uma noite ainda por dormir, num telhado de chuva batida,
uma luz na escuridão, uma chegada e uma partida.
Um comboio parado, numa estação abandonada,
uma chave trocada, numa porta calada.
Uma dor que golpeia, numa carne dormente,
um beijo não gasto, num adeus para sempre.
Uma carta não lida, num navio qualquer,
uma saudade que não chega, um desejo de saber.
Um quadro sem moldura, numa parede pintado,
uma noite de loucura, num abraço apertado.
Um prazer enlouquecido, numa floresta selvagem,
uma criança que nasce, uma morte, uma miragem.
Um grito que não chora, num corpo molhado,
uma ferida que arde, na pele de um só lado.
Um corpo assustado, numa velocidade veloz,
um ritual encantado, iniciado numa dor atroz,
Um sol nascido, numa praia deserta,
um amor vadio, pela tua espera incerta.

 
Autor
jomasipe
Autor
 
Texto
Data
Leituras
750
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
2
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 30/10/2009 17:15  Atualizado: 30/10/2009 17:15
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 947
 Re: Canção de embalar II
Uau....
Beijinhos

Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 30/10/2009 17:54  Atualizado: 30/10/2009 17:54
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: Canção de embalar II
"um ritual encantado, iniciado numa dor atroz,
Um sol nascido, numa praia deserta,
um amor vadio, pela tua espera incerta."

É neste conjunto mais ou menos harmonioso que os rituais
se consomem e se desmembram de outras eras e outros ais



Muito belo


Bjs


Matilde D'ônix