Chegados ao átrio exterior do palácio da justiça, fomos inundados por um sol fagueiro e, pela primeira vez desde que a conheço, Teresa sorriu.
- Obrigada! – disse ela olhando-me nos olhos, enquanto a segurava pelos ombros, ajudando-a a entrar num dos táxis que estavam ali de serviço.
Teresa não quis que eu a acompanhasse a casa.
- Não estou só a querer preservá-lo de quebrar as suas regras de deontologia profissional. Afinal, é o meu advogado. Ambos sabemos o que isso implica. E não é justo que o deixe expor-se a tantos perigos por minha causa.
- Falamos sobre isso depois, Teresa. Deixe os perigos por minha conta. Sentir-me-ei culpado se lhe acontecer algum percalço na minha ausência.
Mas não se demoveu e deu indicações ao taxista para que seguisse. Eu não quis ser maçador e, assim que a vi partir, regressei ao local onde tinha estacionado o carro. A minha intenção era dirigir-me imediatamente para casa da Teresa. Assim que virei a esquina constatei, porém, que o automóvel não estava onde o tinha deixado.
A minha primeira reacção foi regressar a correr à praça do palácio da justiça e apanhar um táxi, para me levar a casa. Havia um único táxi, acabado de chegar. Ainda não tinha desligado o motor, quando perguntei:
- Faz favor, antes de arrancarmos, diga-me uma coisa: transporta cães?
- Perdão! – exclamou o taxista com estranheza.
- Transporta cães? – insisti.
- Onde estão os cães? – ironizou o taxista.
- Sim, ou não? Responda se faz favor.