ENSAIO ADOLESCENTE... (Parte I)
Em meados do século passado, num casario entre um aglomerado de montes, havia um vale... Daqueles com riachos, mulheres lavando roupas entre pernas acocoradas, decotes generosos muito próprios ao ato da amamentação... Aqui, acolá um filho às costas, ou pertinho do busto e mais ainda do coração, nas horas em que precisava da proteção contra os raios do sol.
Ouvia-se cantorias, entre as batidas dos panos nas pedras. Às vezes ouvia-se choro de criança, risos de mães e filhos, conversas em rodas de amizades, às vezes aconteciam brigas, conflitos de disse-me-disse, mas eram muito raros. As roupas eram secadas ali mesmo entre as moitas de arbustos ou sobre a pedreira, aqui, acolá espalhada em ambas as margens, naquelas águas rasas, em constante corredeira.
E no fim do dia, aquelas personagens subiam os morros em direção ao aconchego de seus lares. Seguiam a passos miúdos, trouxas na cabeça, filhos acompanhando de perto. No coração uma sensação de alivio, e realização despertado pelo cheirinho de limpeza vindo da roupa lavada, naquela rua-riachinho, fraternalmente compartilhada.
Entre aquelas pessoas Rosa e seus irmãos, retornavam também. Agora a etapa seguinte, seria dar banho nas crianças e preparar o jantar. Ela era filha mais velha aparentava uns 14 anos, mas só tinha quase dez... Assumiria as tarefas com os irmãos e os preparativos para o jantar, enquanto esperavam pela chegada da mãe, que tinha saído para trabalhar.
O pai daquela família, não chegaria para a reunião no final do dia. Vivia longe, muito longe, numa cidade distante. Aquela menina-moça já ouvira falar, era São Paulo (Brasil), um lugar onde os trabalhadores ficavam ricos. Talvez um dia ele voltasse, trazendo muita riqueza...
Naquele enquanto a primogênita assumira seus irmãos e os deveres de casa, para a mãe angariar o seu sustento, posto que do pai nenhuma ajuda teria chegado, nem sequer uma noticia teriam recebido. Nesse interim, Rosa crescia e estudava... Revezando entre o serviço de casa e a lida na escola, a professora Isaura seguia seu dia-a-dia, enquanto sua filha Rosa se esforçava em cuidar de tudo na sua ausência.
Rosa tinha cabelos longos, muito escuros, a altura da cintura, sempre dispostos em duas tranças enroladas à nuca. Olhos cor de mel, um riso sempre nos lábios, deixando entrever dentes branquinhos, dando um toque de harmonia aquele sorriso doce. Tinha ainda um olhar profundo e inquiridor... Um olhar de curiosidade, sempre a procura de detalhes. Detalhes que descobria, fixava e apreendia. Uma mente prodigamente iluminada.
Izaura era uma jovem senhora, dedicada a profissão. Alfabetizava com muita eficiência e era muito respeitada pelos resultados de seu trabalho. Morena clara, não usava pinturas nem tinha vaidade, mas na sua aparência simples escondia uma beleza latente, carente de se revelar. A jovem professora por viver afastada de seu esposo, não dava asas a extravagâncias, para se preservar, e evitar olhares de cobiça.
A casa era muito simples, com uma vasta escadaria no quintal. Rosa subia e descia aquelas escadas, acompanhada de seu irmão Norberto, que ela chamava de Beto, e Fernanda, que ela chamava de Nanda. Eles ajudavam a encher a jarra e mover a bomba manual. Apenas Rosa conseguia pressionar a bomba no sentido de conseguir água jorrando. Os outros irmãos tinham que pular na manivela, passo a passo para obter o mesmo resultado. Assim enquanto Rosa subia as escadas, com uma lata d'agua na cabeça, os outros irmãos se esforçavam em conseguir encher a lata seguinte.Enquanto isso, o irmão caçula Eraldo, ainda bebezinho, dormia num berço de rede. Artefato têxtil improvisado, com um pau enrolado em cada extremidade, mas muito seguro, porque dava a rede uma profundidade semelhante a um bercinho, e ainda balançava ao vento, bem fresquinho.
A jarra era muito grande, quase do tamanho de Rosa e muito maior do que Beto e Nanda, mas eles conseguiam encher de água, pelo menos, até a metade, contudo para derramar a lata de água Rosa tinha que subir em dois tijolos. A fornalha funcionava com lenha ou carvão, e para alcançar as panelas também era necessário subir um tijolo, estrategicamente colocado para aquela finalidade.
Rosa sabia fazer arroz, feijão com carne dentro, salada crua e arroz doce. Também sabia fazer o leite de Eraldo, que era dissolvido em um prato fundo e batido com um garfo. Eraldo chorava pela mamadeira mas quando escutava Rosa a bater no prato, já ficava quietinho, porque entendia que logo estaria mamando.
Rosa já mocinha, tinha corpo de mulher, uma precocidade incrível. Sentia desejos inquietantes... Os seios fartos para sua idade, chamavam atenção pela delicadeza sensual que davam a sua figura inocente.
Mas a sensibilidade de Rosa era à flor-da-pele... Todas as vezes que ia dar a mamadeira a Eraldo, antes lhe oferecia um seio e se ele soltava ela oferecia o outro. Imaginava que ele era seu bonequinho, só que ao vivo, e ainda lhe passava toda aquela energia... Aquela eletricidade...
Sempre ficava gelada e quase derrubava o irmãozinho, com o vigor da emoção que a invadia, quando lhe oferecia seus seios de ninfeta... Paralisava... Simplesmente. Um dia descobriu que seria melhor se deitasse enquanto provava aquela sensação, era mais seguro para Eraldo...
Sempre que ia dar a mamadeira para seu 'bonequinho', Rosa fechava a porta do único quarto da casa, e pedia aos seus irmãos que não fizessem barulho para que Eraldo conseguisse dormir, e assim eles teriam um pouco mais de liberdade, poderiam brincar um pouquinho até que Izaura chegasse.
A menina Rosa fazia aquele ato absolutamente às escondidas porque, já desconfiara que sentir o que sentia era algo estranhamente proibido. Mas não deixava de contar, tais experiências, para suas amigas na escola... Em troca recebia mais informações que, curiosa, sempre encontraria uma forma de testar no seu dia a dia...
(Continua...)
Ibernise.
Indiara (Goiás\Brasil), 15.08.2009.
Núcleo Temático Educativo.
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