Confiro o banco da viagem
Desdobro o caminho nos passos carregados da cruzada
Aguardo…
Aguardo por obliterar
Olhando lá fora
Vendo-me Falcão-peregrino
Voando margens
O deserto escava a fome
Há muito, corpo de estepes secas
São as fendas
É a fronteira
Adeja o despojado
Dissipa-se no nevoeiro da terra trilhada
Batido entre grãos torpes indigestos
Miragens revoltas
Confundo dias inflamados
Vultos de carvão e horizonte
Odores de chama carrasco
Levaram o destino
Queimando-me o seu sorriso nutrido
Alguém o levou
Ido em carruagens de flautas poente
Cascas quaisquer afiguradas dum imagino pesadelo verosímil
Reais, os traços
Os que marcam a cruz
A bruma imolada à qual me sopra
Sou a chuva de pus nas cordas da voz
Solimão que em mim a noite uiva e as mãos me ceifam sós
«Antes teor que teorema, vê lá se além de poeta és tu poema»
Agostinho da Silva