Poemas -> Sombrios : 

Suga-me a alma

 
Suga-me a alma,
trinca-me as entranhas
no abismo da minha noite sem fim.

Esvaziada

Morde-me,
morde-me para que desperte na fúria do galope
dos cascos ruidosos de um navio que parte.

Esventra-me de mim
e dos monstros coalhados que me habitam
no rumor tremeluzente do piar de pássaros aluados.

Corvos marinhos,
assassinos, algozes de sonhos e de sonos.

Mastiga-me devagar,
lentamente, lentamente,
na saliva de um mar arrepiado
no fascínio e na procura de asas relampejadas
em esquizofrénicas bordaduras meninas
nas águas crespas da mais nefasta loucura.

Suga-me a alma
na linfa deslizante da palavra.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
Texto
Data
Leituras
1064
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 26/06/2007 15:29  Atualizado: 26/06/2007 15:29
Membro de honra
Usuário desde: 04/10/2006
Localidade: Amadora
Mensagens: 4098
 Re: Suga-me a alma
Querida Mel, gostei do poema, desse sugar e mastigar de almas...

Beijinhos