Acolho-me da noite ressaibada
onde dormi nua, casta, virgem e basta,
em bonomia, sobre as tuas asas amplas de morcego.
Na madrugada do desassossego
abrigo-me hoje de um tempo
em que as escamas se elevavam perfiladas
de um mar arrepiado
em que, de um lado a vaga,
do outro o vento,
E esta dor
e o desalento
E as lágrimas, perdidas,
roliças, gordas, profundas,
iguais ao mar, iguais a si… escorridas
nos olhos invisíveis dos meus dedos plácidos ...
Deste tempo em que o verde bolinado dos meus olhos
fulgurou feérico na noite dos teus olhos,
que logo assustados partiram, dúbios mareantes,
na incerteza e na vontade de ficar,
na tristeza dissimulada de zarpar.
Acolho-me da noite
no ressaibo de um balanço de berço,
numa rola de barco,
das tuas asas de morcego em pranto.
(E do meu pranto,
de te saber mar-chão, em sofrimento...)
De um tempo em que foste mar de calma
e as gaivotas se explodiram coralinas no remanso
das branquelas das água
E tudo era sonho,
e tudo não mais que utopia e ilusão.
Daqui, da proa do meu barco,
eras o tempo de um tempo que se navegava
aproado, ao meu tempo colado.
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