E sonhar!...
Vinha toda angelical em vestes brancas
Pairava sobre nuvens de rosas prateadas...
Dois mil sóis resplandeceram em tua boca,
Dona do céu bordado de estrelas encantadas...
Estático, com abrasada chama em peito ardente,
Com seus dedos novos trêmulos pelo poente,
Além da tênue e avermelhada linha do horizonte,
Onde os amores esperam serem encontrados,
Lá no leito jucundo, atrás dos morros de papel
Sorrir o dono do céu, olho do mundo... O Astro-Rei!...
Aguardava-te com meus olhos pequenos, fechados...
Névoa de cores mil nos arrebatava e nos envolvia...
Viam-se nossos frouxos olhos em delírio, se amando...
Encantou-se o mundo daquela louca e maga magia
Que fluía macia dos desejosos corpos se beijando...
Não há mais dor pelo coração. Não há mais medo...
Entrecruzados estão os nossos olhares e dedos...
Queda uma pérola lágrima feliz de meus olhos
Pálidos, cálidos e banhados pelo suor dos corpos...
Lábios serpenteando e se retorcendo em comunhão
Quase satânica com o aveludado das nossas línguas
Que se enroscam numa libidinosa e vil facelação...
Gyl Ferrys