Sou a miragem
de quem quer nascer,
sou aquela aragem
que me quer aquecer.
Sou mais um ser
que fica preso à hora,
chama-se tempo, quero esquecer
pois ele está a levar o agora.
Leva-me agora e sempre,
ele não quer descansar,
segue em larga passada
pronto a me torturar.
Ai, Ai... isto custa
essa suja poeira
que o olhar me ofusca,
e me mata à primeira.
De uma facada
sem dó,
me deixa caído em nada,
incomodado, como um nó.
Continuo sendo a miragem
que não se vê a si,
segue a pé, nesta viagem
que mesmo velho, ainda não a vivi.