HORAS DE DESPERTAR
Acorda oh homem, são horas de acordar
De dormir basta e débil é o sonhar
Abre os olhos e olha em redor
Que é já longo o teu dormir
Olha que se faz tarde o teu despertar.
Tens contas a dar alguém
Contas a fazer com o mundo
A tua inércia cavou já um poço sem fundo.
Anda abre os olhos e olha em redor
Atenta no teu irmão porventura distante
Quiçá teu vizinho e te cruza no caminho
Atenta no pedestal em que tu estás
No viver em que te dessedentas, voraz
Com o dele furtando-te a confrontares-te
Pensa homem que é milenar o teu letargo
Que enquanto de fartura experimentas a abundância
O teu irmão da carência agarra o amargo travo.
Atenta, mas de olhos bem abertos
Ansiadamente despertos
Que é tempo, mas tempo de resoluta mudança
Que para o mundo novo fatalmente avança
Esta sociedade de egoísmo feita.
Anda, ergue-te, dá o passo
Determinado, que nada o detenha
Que o mundo que está lá fora
Desesperadamente
Reclama a tua lança
Contraditoriamente feita de paz
Mas que na afiada ponta
Leva o clamor da Justiça
Do pão, do amor e da alegria
Mas em arroubos de exigência
E nunca de embotada clemência.
Ergue-te sem perda de mora
E os pulmões enche de vontade de querer.
Ergue-te que chegou a tua hora
E alternativa se não vislumbra.
Não penses endossar aos outros a tua culpa
Que esta é de todos e de cada um
A empresa que te é proposta
Reclama inteligência
Grandeza de espírito
Incontornável sentido do outro.
É tempo demais o que está para trás
E pouco é o que para a frente sobeja
Não está em causa nunca a vã inveja
Mas esse equilíbrio de que o homem
Se não têm mostrado capaz
E que com a bandeira da paz
Num grito de rasgar o tempo
Urge que leve desfraldada
A da Justiça e do Amor.
Antonius