A palavra não dita é a que mais fala.
Desassossega e traz inquietude a alma.
Queima o pavio em chama qu’outrora calma,
Agora, inclemente, arde em quem se cala.
É como a tarde escura que o dia apaga,
Mas que não traz a chuva que anunciara.
É ter como comum alguma pedra rara
Ou não retribuir calor a quem te afaga.
A palavra retida, presa à garganta,
Com sua ponta aguda incomoda e fere
Àquele que omite energia tanta.
Que desse que se anula e cala não se espere
Alguma atitude assim de grande monta,
Nem força sobre-humana frente à intempérie.
Frederico Salvo