Quisera ser pássaro, Sair voando pela Janela e pousar na Casa dela. Estou cativo, A gaiola é meu abrigo, Vivo triste e oprimido.
Quisera ser borboleta, Bater asas toda afoita E beijar-te a noite inteira.
Querências, minhas, Tuas. Somos prisioneiros E não temos sequer O brilho da lua.
Resta-nos o dia, O sol ardente, Mariposas atônitas, Perdidas.
Ouça a cigarra, Ela sempre nos Avisa, Hora de apartar-se, Amanhã é outro dia.
Assim vamos vivendo, Tu és minha, De ti sou escravo, Até que o dia termine.
Cada um tem na vida Um cativeiro diferente, Nossa sina, Amar-nos intensamente, Até que se abram as Algemas, a gaiola, A janela, Que mantém dois Amantes ausentes Da magia noturna.
Poema recitado pelo poeta José Silveira
"A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas." (Rabindranath Tagore)