Não falem dos poetas
Que destilam suas mágoas,
No deslizar dos digitais, escorrem lágrimas
Em úmidos toques de letras soltas...
Não falem dos poetas
Que deslizam suas trovas,
Como crianças nas dunas
No alegre encanto das rimas...
Não lembrem dos poetas
Que declamam suas poesias,
Como quem pinta aquarelas
Arco-íris de palavras...
Não se enamorem dos poetas
Que lhes lembrem dos amores,
Como quem procura cometas,
Em uma noite enluarada dos Açores...
Não reclamem dos poetas
Que interpretam os clamores,
Como quem sente as dores,
De um povo sofrido, esquecido, no eterno faz de contas...
Não escutem os poetas
Que falam de costumes, diretas
Como quem apara arestas
De uma ética que se abandona nas metas...
Não viajem com os poetas
Que lhes vislumbrem sonhos
Como quem abre os portais
Do amor infinito, que desabrocha em carinhos...
Não leiam os poetas
Que lhes escrevem formas de protesto
Como quem insufla revoluções, que atestas
Em uma época de injustiças, de voto de cabresto...
Não se queixem dos poetas
Que lhes fazem retomar os caminhos
Como quem acredita que a vida tem curvas certas
Uma estrada de encontros e despedidas que fazemos juntos nunca sozinhos...
AjAraújo, homenageando a todos os poetas que exprimem os sentimentos humanos, Fernando Pessoa, D. Pedro Casaldáliga, Pablo Neruda, Jose Martí, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Drumond de Andrade, Thiago de Mello e outros tantos como vocês da luso-poemas...