Serão meus passos os teus passos, ecoados?
Serão meus braços, os teus inalterados braços?
Serão meus traços, os traços alinhados do teu rosto?
E serão meus sonhos, os teus sonhos refreados?
Se a cada passo que caminho desabrigada,
sem o teu braço, as laminas desta estrada,
se a cada gesto com que agasalho a alma nua,
se em cada palavra com que me sufoco a contra gosto,
se a cada som do sol, a cada rumor vago da lua,
és tanto em mim, és fulgor, és chama, és por fim,
labareda a explodir-se em fogo posto,
E se, na noite da tua pele incendiada,
a chuva dulcificada dos meus olhos,
desta ternura mística, integra e inviolada
não se teme, não se estanca e não se apaga,
Se é intimo o teor com que, no revesso de si mesma,
a brandura se dissemina, me domina e se propaga,
na candura de um lírio debuxado no sopé da saliva
contida da tua sede, no desamor salgado dum mar
adormecido de verde, no rebento da ondulação,
e na vastidão de um corpo a ondular-se livre,
esgrimido às regras subtraídas da paixão?
Oh meu amado,
serão meus dedos as polpas dos teus segredos?
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