A tarde ainda nem bem findou
E lá vai o vento pela noite adentro
Cortando os desertos caminhos desta ilha.
O temporal só deixou vestígios
Na calçada - a agua empoçada
Nas almas - um estranho desejo
Atônito perambulo sem destino
E forço-me a cortar as desilusões que me assombram
Quem sabe se não fosse melhor um temporal para mim.
É tempo sei de ceifar os campos
É época de cultivar a rosa, o lírio
É momento de ter mais flores.
E que fazer nesta terra imberbe
Onde o matagal está a espantar
Até os pequeninos e sonoros pássaros.
O que resta ainda dessa existência
É a vontade louca de correr, de mastigar o tempo
Para não ter outonos como este. .
Por ser esperança - espero a primavera
Que me deixará mais certo de que:
“as pessoas são levadas à mínima agitação,
seja ela brisa, temporal, incerteza, amor ...”
Tudo espero, pois há um Deus
E se de um trigal só posso colher o trigo
Também hei de pensar que todas as intempéries
resultarão em bonança...
E ela chegará
Mesmo que na época não possa erguer
Os olhos para ti e a levantar os braços
Para afogar-me no aroma que trouxeste
E a brisa levou...
AjAraújo, o poeta escreveu nos anos dourados e inquietos da juventude.